“A minha ansiedade teve inicio numa altura da minha vida em que eu achava que seriam os melhores anos da minha vida. A minha ansiedade inicio quando eu tinha 17 anos (por volta dessa idade, não dou certeza porque já foi há bastante tempo), por isso eu estava na minha adolescência. 

 

Quando tive o meu primeiro contacto com a doença foi algo tão assustador que me marcou e mudou a minha vida para sempre.

  

Quando houve esse primeiro ataque eu deixei de viver, fiquei em casa sem sair por um mês, existindo apenas.

 
 Quando me disseram que eu tinha ansiedade, isto há doze anos, fiquei assustada e fui ver o que existia sobre esse assunto e como podem imaginar só existia os sintomas e não relatos nem como se podia curar. Como eu os sintomas já sabia quais eram porque passava por eles não me serviu de nada, então decidi que eu não tinha essa doença e que não devia ser nada.
 
Meu Deus, hoje olhando para trás foi o maior erro que eu cometi. Andava no psiquiatra e em todas as consultas, que eram de seis em seis meses a minha medicação só aumentava. Passei esses dez anos apenas a sobreviver e não vivi. Nesse espaço de tempo fui mãe de um menino e uma menina. Como podem imaginar foi algo de incrível mas ao mesmo tempo assustador.
 
No meu livro relato todos os momentos mais difíceis durante esses dez anos.
 
 Eu aconselho muito a ler o meu livro, não por ser meu, mas porque se tornou uma referência para as pessoas entenderem o que uma alguém sente quando sofre desta doença e para quem sofre entender que não está de todo sozinho nesta fase da sua vida.
 
  

Para mim foi muito difícil assumir a minha doença, demorei dez anos, podia ter sido tudo diferente se aceitasse logo, mas não o fiz. Passei por muito, sofri sozinha e calada. Autodestrui-me e perdi-me nesta doença. Um dia eu espero encontrar a Mónica que perdi a meio desta doença.

  

Eu hoje, sem dúvida, sempre que falo deste assunto eu peço, por favor, falem, assumam e nunca se esqueçam que vida só temos uma, se nós desistirmos dela nunca a voltaremos a viver. E mesmo que sofram do preconceito das pessoas que não entendem nada desta doença não liguem, ninguém lutará por ti a não ser tu mesmo. Digo isto porque estou a tentar aprender isso.

Falar com os profissionais é essencial para a nossa recuperação.

   

Espero que um dia esta doença seja vista com a gravidade que ela têm e que seja falada e que consigamos ver evoluções sobre como podemos acalmar a nossa ansiedade.

 

Espero que o meu testemunho ajude alguém a assumir e a falar.

  
Um beijinho enorme para todos.
  
Mónica Rabaça”
 
história de superação