“Olá, chamo-me Nádia e sou a autora d‘A Ansiedade Não me Define.
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Tenho ansiedade desde os 15 anos (tenho 39). Conto a partir dos 15 porque foi quando arranquei a franja pela primeira vez (tricotilomania), mas agora que olho para trás – e que sei identificar os comportamentos que vêm da ansiedade – sei que me acompanha muito antes dessa altura.
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Quis criar um espaço onde as pessoas pudessem ler, estudar os triggers e os sintomas, entender o que é a ansiedade, que não estão sozinhas, e claro, incentivar a procurar de ajuda profissional.
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Sem medos, sem julgamentos.
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Isto porque, se me tivessem dito aos 15 anos que o que estava a sentir era ansiedade, a minha vida teria sido muito diferente! Principalmente numa altura tão difícil como é a adolescência.
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O tempo não volta, mas pode ser que consiga ajudar alguém.
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Obrigada por seguir ‘A Ansiedade Não Me Define’.“

 

Foi assim que me apresentei na comunidade (Instagram e Facebook) d’Ansiedade Não Me Define. Um pequeno-quase-nada testemunho de quem eu sou com e sem ansiedade.

 

Desde que o site está live que tenho pedido às pessoas que conheço para me deixarem o seu testemunho. É importante que para além de textos um tanto ou quanto genéricos, os leitores se identifiquem nas palavras de quem sofre de ansiedade, isto porque apesar dos sintomas serem “chapa 5”, as vivências, o contexto, os triggers, as causas da ansiedade mudam de pessoa para pessoa.

 

Pedia os testemunhos, mas no fundo do meu cérebro sabia que eventualmente teria de dar o meu. Só no dia em que me sentei para o escrever me apercebi do tamanho da tarefa que estava a pedir.

 

E não tem nada a ver com o “aborrece” ou “não sei escrever” ou “nem sei por onde começar” – o problema é a vunerabilidade. É partilhar um capítulo da nossa vida – que apesar de não nos definir, faz parte de quem somos – com pessoas que não conheço.

 

Sempre senti a necessidade de quando me apresentava a alguém novo, passado pouco tempo dizer-lhe que “tenho um problema”.  Até a minha psicóloga me dizer: “a ansiedade não é um problema, é uma condição”. Este shift de pensamento ajudou-me a encarar a ansiedade – e a mim – de forma diferente. Afinal eu não tenhonem sou um problema, eu vivo com uma condição. E está tudo bem.

 

Um amigo respondeu-me quando lhe pedi o testemunho: “ou não escrevo nada ou escrevo um livro”. Na altura fiquei a pensar que era má vontade (desculpa!), mas ele tem razão… a ansiedade muda connosco, não é estática, não é igual e tem sempre a capacidade de nos surpreender.  Mas ainda assim, há formas de nos expressarmos na medida do nosso à vontade – através da música, como o Luís ou através de um livro, como a Andreia.

 

Os testemunhos servem principalmente para, ao levantar o véu da vossa história, alguém diga do outro lado “eu também”, e logo aí se sinta menos sozinha, compreendida, mais motivada. É assim que nascem as comunidades. E nada me faria mais feliz do que ver a nossa comunidade crescer rumo a um bem comum – ajudar a quem tem esta condição.

 

Este não é de todo o meu testemunho de luta com a ansiedade, apenas um apelo e incentivo à partilha.  Um apelo válido para mim também 🙂 Aos poucos vou também partilhando a minha história.

 

Obrigada por estarem desse lado.

 

Nádia

 

ola@aansiedadenaomedefine.pt